Clarear

*SEGUNDONA, 14 DE JULHO DE 2008.



*Uhu, minha vida tá très emocionante nas férias. Sente o clima.

Assim, vai, não tá tão tédio. Na verdade é que a rotina doméstica se impõe, e estou na fase de adaptação à ela.

É bom ir à padaria cedo e levar o Artur andando, tomando sol, parando pra ele ver a folhinha caída no chão, o carro que passa, o gatinho etc.

E chegar em casa e, sem pressa, fazer um café fresquinho, pãozinho quentinho, e preparar um lanchinho pro Tutu também. Caras, ele tá comendo pão sozinho; faz a lambança, mas come tudo.

E depois dar um jeito rápido na casa e descer com Tutu de novo pra ele brincar. E esperar o Dani chegar da escola. E fazer umas prendas domésticas. E ver um pouco de TV. E entrar na net um cadim. E assim vai.

Até eu encher o saco, aí eu começo a estudar de novo, hohoho.

*Então, hoje cedo fui fazer a avaliação pra fisioterapia né. Olha, foram 40 minutos em pé, de lado, afasta as pernas, fecha de novo, abaixa etc. A mulher viu every single bone do meu corpo. E saí com as costas doendo horrores. Enfim, vou ter que comprar um tênis (acredita que eu não tenho?) e segunda que vem estamos firmes e fortes lá.

*Prá eu poder ir fazer a tal avaliação, deixei o Artur com a minha vizinha, que já estava cuidando dele quando eu tava em aula ainda.

Aí quando eu fui buscá-lo ele tava dormindo né. Quando ele acordou eu já tinha botado roupa de ficar em casa, isto é, tava vestida de mendiga; uma bermudinha e uma camisetinha velhinhas de cotton.

Daí que a sem graça da vizinha, muito desagradavelmente, bateu na minha pancinha de gases oriundos de excessiva ingestão de tubérculos no almoço do dia anterior e disse:

"Olha, que tem outro neném aí hein!!!"

E eu, com sorriso amarelo: "Não, não tem não."

E ela: "Ah tem sim; você tava bem assim do Tutu hein??"

E eu: "Olha, esteja certa, não é bebê!", já pegando o menino no colo pra mór de sumir pra dentro de casa.

E a outra vizinha, da janela da casa dela: " Esse povo que tá na chuva e não quer se molhar hein???", e dava risada.

E eu: "Nada gente, deixa eu entrar que eu tenho que limpar um frango lá!", e vim entrando.

Olha, seguindo a mesma lógica eu teria todo o direito de perguntar pra vizinha:

"Noooouuussa, ainda não nasceu seu bebê? Ah é, gestação de elefante demora mais né?"

Ah, vai morrer viu! Pensou, trava a língua, meu. Não é tudo que se deve falar.

Eu bem percebi que amanheci barriguda hoje (enchi o rabo de mandioquinha ontem, não literalmente, figurativamente), mas não preciso de ninguém me dizendo isso. Te dou um espelho em casa?

*"Clarear", Roupa Nova (qua, aliás, vai tocar no Casino Bangu sexta e eu não vou...)