Eu bem que tento ser erudita, mas...

*Daí que agora pouco tava "a" zona cá em casa. Dani foi fazer tarefa, daí Tutu também quis 'pintar', e Piu Piu resolveu chorar, enfim.

Depois o Dani pediu a lousinha e o giz pra escrever lá fora e eu, ciente que ia dar chabú, entreguei a ele.

Bom, briga, gritaria, tapas etc entre Dani e Tutu pela posse do objeto, por três vezes tentei intervir levando a paz mas todo mundo sabe que irmão quando briga, sai de baixo.

Consegui a duras penas que Artur fosse deitar na cama comigo.

Aí, veja você, que cena rara:
*Dani brincando sozinho em silêncio lá fora;
*Tutu deitadinho na cama comigo;
*Piu Piu dormindo no bebê conforto;
*TV desligada;
*micro idem.

Quando me dei conta da preciosidade que me estava sendo oferecida pelo destino, pensei "ó Shiva, o que fazer? Rá, vou ler!... Mas o que, uma revista? Nãããããão, um LIVRO"

**Os céus se abriram, nove mil anjos (Júnior Lima, depois nóis acerta o jabá, valeu?) barrocos de cabelos loiros encaracolados e olhos da cor dos olhos de Paula Clarice (oiê, cê tá boua?) entoam "aaaaaaaamééééééémmmmm....."**

Fui à minha biblioteca particular (zoei) e garrei nas greguices.

Peguei "Sete Contra Tebas" do Ésquilo. Folheei, mas me deu um nó na garganta, uma saudade da UFRJ e das pessoas e talis que eu ia acabar chorando, fato que logo fechei e peguei o do lado, "Sobre a inspiração poética (Íon) & Sobre a mentira (Hípias Menor)", do Platão.

Óquei óquei, inspiração poética me remeteu a Aristóteles, que me deu um sono; não desfazendo de Platão; quem sou eu pra caçoar do hómi, enfim; mas daí fui pro segundo diálogo, "sobre a mentira", que me pareceu melhor. Na contracapa:
"...Sócrates e Hípias versam sobre a mentira e concluem que saber mentir vale mais do que dizer a verdade meramente por não se saber manipulá-la - e que a capacidade de inventar os fatos é em si algo positivo."

Hummmm, interessante.

Comecei. Primeira página beleza, passei incólume.

Segunda página... Escuto um chorinho vindo da sala. Piu Piu. Não desisto, vou pra perto dele levando Platão comigo. Balanço o bebê conforto com uma mão, na outra o livro e sigo tentando; pô, tá maneiro.

Mas o Bruno continua chorando, e cada vez mais forte e alto, módisque dali um pouquinho ele regurgita e TENHO que pegá-lo pra que ele não engasgue.

Bem, se eu o peguei nota-se que o Platão ficou de lado né?

Pois é.

Bruno não sossegou, levantei do sofá pra ninar o pequeno, mas ele resolveu acordar de fato e de direito; olhinhos abertos (coisa maisi linda)e coisital...

Resultado: Troquei Hípias menor por Gomes menor e, quem sabe de tarde tento de novo ser erudita.

Me desejem sorte.