*Quinta-feira passada a Tati, da
Rede Mulher e Mãe me convidou prum dia de "mulherzinha"; uma tarde na fábrica da Natura; pra falarmos sobre vínculo mãe-filho, conhecermos a fábrica etc. Adoro, né. Mas o tal dia seria numa sexta-feira.
Rá.
Chamei a Raquelzinha, pedi a ela que ficasse com os meninos até a hora do almoço, quando Matheus chega. Depois pedi Matheus que ficasse com os irmãos até a hora da bisa chegar. E pedi a bisa que ficasse com os meninos até a hora que eu chegasse. E aí, na logística eu ISHCULACHO!
O melhor de tudo é que vinha motorista me buscar NA PORTA DE CASA. Tô chique?
Aceitei, claro. Não sem antes ouvir minha mãe, minha avó e meu marido; esses lindos:
(avó falando): "Bia, você conhece esse pessoal? É gente de confiança? Porque quando a esmola é demais o santo desconfia!"
(mãe falando): "Bia, é uma van? Vai mais gente no carro com você? Seria bom, porque fica mais fácil matar o motorista em grupo do que sozinha, caso ele tente alguma coisa!"
(marido falando): "Bia, estranho isso hein? Huuum... Não acredito muito nisso não... Fazer uma saída pra Natura, pra falar sobre vínculo 'pai-bebê' ninguém faz né?"
Assegurada que era tudo limpo, de confiança etc, aceitei.
Acordei cedo pra deixar as coisas mais ou menos no jeito aqui em casa. Gomes saiu pra trabalhar e eu fui pro meu momento activia. Na melhor parte, o telefone me toca.
"Ai meu saco", pensei, "certeza que é o Jackson!", afinal; ele deve ter o alarme "Bia-está-cagando" (que foi, ceis num cagam não?).
*não imaginem a cena a seguir*
Saí correndo pela casa cas calças arriadas (não tinha acabado ainda) pra atender telefone.
(marido falando): "Bia, você tá me trocando por um coroa, é isso?"
"O que, mor?"
"Teu 'motorista' tá te esperando aqui na frente, num Corollinha!"
"Hahaha, Jackson, eu tava no banheiro, posso voltar?"
"Tá, desculpa, vai lá; beijotchau"
No minuto que o Gomes desligou, meu celular começa a tocar no quarto. Que é do outro lado da casa.
Saio correndo atender o celular, chinelo arrebenta no meio do caminho (havaianas já foi havaianas), atendo o celular:
"É Beatriz?"
"Sim, sou eu!"
"Beatriz, bom dia. Sou Fulano, seu motorista que vai te levar pra Natura"
"Ô seu fulano, bom dia, mas o sr. tá meia hora adiantado!"
"Fica tranquila, eu vou na padaria tomar um café."
"Beleza, seu Fulano."
Fui pro banheiro terminar o serviço todo. Bruno tava em pé já; acordou todo mijado. Dali um pouco vem o Artur, igualmente mijado.
Toca dar banho neles, botar roupa de cama pra lavar, me arrumar etc.
Oito horas, seu Fulano me esperando de Corollinha ;o).
Começa por aí. Andei de carro sem estar dirigindo. uau, como é gostoso passear assim!
Cheguei lá cedo, nove horas. logo começaram a chegar as convidadas; dali um pouco uma falação naquele lugar = mulherada falando.
Bom, o que teve?
Teve um café gostoso

Alguns vídeos da Natura e da linha Mamãe e Bebê, tudo muito bem feito.
Tinha também um pediatra especializado em vínculo, que falou muita coisa legal.
Tá, eu não sei fazer cobertura jornalística séria de eventos. Quer um post bom sobre como foi o dia; vai aqui ó, na
Maternidade Lésbica, que fez A cobertura boa mesmo com fotos e tudo o mais. (Tem até uma foto que eu saí com a maior cara de conteúdo, quem vê pensa).
Depois almoçamos e fomos andar por aquele lugar imenso. Como é grande aquilo, meu Deus (fora de contexto fica estranha essa frase; só use dentro do contexto, por favor).
Valeu muito a pena, principalmente porque conheci em carne osso e gostosura a Tati, a Calu e a Glau...

...e a Carol Passuelo:

E também porque ganhei uma bolsa linda e recheada de coisinhas da linha Natura Mamãe e Bebê. Tá certo que não tenho mais bebê, mas né.
Mas aí. Confesso que fiquei um tantinho deslocada no meio de tantas pessoas da high society da internetosfera. Não sei se porque todas as outras convidadas também trabalham fora e eu não. Ou por levarem a sério mesmo o que fazem na internet, seja blog, tuíter, facebook. Também porque o trabalho de algumas ERA justamente na internet. Mas porque o principal assunto foi a maternidade, o ser mãe, o vínculo mãe-filho.
Calma gente, vamos guardar as pedras pra depois.
Eu nunca parei pra pensar seriamente no tipo de mãe que gostaria de ser. Até porque isso de ser mãe, pra mim, não foi planejado. Todos vieram assim, do nada (hahaha, conta outra). Não cheguei a pensar e discutir e essa coisa toda a maternidade, a maternagem. Tudo foi pra mim muito do instinto. Gravidez, partos, amamentação; foi tudo muito natural.
Claro que sempre li e procurei o que eu poderia fazer. Mas sempre no meu limite. Eu lia e pensava "opa, isso eu posso, isso eu consigo". Até por isso não me sinto devedora comigo mesma sobre parto, amamentação. Aí você me diz "Rá, fácil não se sentir assim com 4 partos normais e amamentação ok" (porque consegui amamentar os 4 sem nunca ter tido problema algum; rachadura, mastite etc). É verdade. É fácil mesmo. Mas sabe. Como eu fazia tudo sabendo do meu limite, que até ali conseguia fazer, sem me cobrar nem me comparar com outrem, mesmo que eu tivesse passado por um cesariana ou tivesse tido problemas para amamentar eu não me sentiria mal (na 4a. gestação eu tava tranquila em fazer cesária pra laquear; Gomes que me disse que, como eu me dava bem com partos normais, que ele faria a vasecto. No 3o. filho, eu comecei a tirar leite pra poder continuar a estudar, mas tava dando tanto trabalho que entrei com complemento na 3a. semana de vida dele, e ele não largou o peito. O Bruno eu fui amar MESMO depois de 2, 3 meses de nascido; antes era só o cuidado e o "ó, que bonitinho").
Pra mim, o poder ter partos normais foi, além de vontade, instinto. Amamentar foi a mesma coisa. Até usar sling. Eu via as fotos tanto antes de ter o meu que, quando o meu chegou, consegui sair usando de primeira.
Nunca fui de me comparar a outras amigas, mães, mulheres. Eu olhava muito pra mim e pro meu limite. E sabia que eu poderia ir até ali, da próxima vez avançava mais um pouquinho e assim fui indo. E consegui fazer muita coisa, e ser muita coisa também. E pra mim tudo isso; o ser mãe dos 4, os partos, a amamentação; não é extraordinário, é o meu normal. E até por isso me recuso a apontar dedo e falar de "certo" e "errado" nessas questões. Porque o normal de cada uma é diferente.
Acho bonito, como disse no post da Mãe Real, a mãe que se dedica exclusivamente ao filho. Que faz tudo para o filho, com o filho. Que tem como prioridade absoluta o filho. Que se sacrifica pelo filho. Que só tem o filho como assunto. Acho que essa mãe (sem carapuças, por favor) NASCEU pra ser mãe.
E essa mãe não sou eu. Porque, apesar de ter 4 filhos e minha vida ser permeada por eles e pelas coisas deles e o tudo deles, eu não sou 100% mãe. Eu acordo com eles, minha manhã é fazer as coisas pra eles, eu sigo o horário deles; tudo é menino. Mas na minha cabeça... Eu sou outra pessoa. Continuo sendo mãe, mas minha cabeça ferve em tantos outros campos que... Nesse sentido sou "menos" mãe que tantas outras mães da blogosfera-tuitosfera.
Eu vejo tantas mulheres totalmente engajadas nessa causa, a da maternidade. E eu me vejo: não sou assim.
A internet é meu recreio. Eu palhaceio aqui no blog, mais ainda no tuiter. No face também. Minha vida real já tenho que levar a sério; e já tá de bom tamanho.
Pelo amor de dadá, não estou criticando e nem acho ruim ter como foco da vida a maternidade, os filhos etc. Só que eu não sou assim. Não me sinto mais uma twitmãe =o), ou SÓ uma twitmãe. Não acho que eu seja uma "mãe blogueira". Porque tem muito, muito, MUITO mais coisa do que isso. Eu sou mãe pros meus filhos. Na net e no social eu sou a Beatriz. Gosto de falar bobagens, dar risada, ler coisas inúteis e irrelevantes pela net, compartilhar links bobos com as amigas e falar das minhas experiências como mãe também. Mas pra conselhos sobre maternidade... Não sei se sou a pessoa certa. Me preocupo, cuido, amo e me sacrifico pelos meninos, mas sei que não posso ter meus filhos como base da minha vida. Não é justo com eles nem comigo.
E esse é o aviso; que ninguém se engane comigo: sou mãe, mas não faço disso minha razão de viver. Sou legal, mas não sou perfeita. E sou mais da fuleiragem do que de outra coisa ;o)