Lendo o zémeio, como eu posso dizer que não se vai à partolândia dessa forma também?
*Dedico pras gestantes que leem meu blog e me seguem no twitter, mozamores; em especial pra @elisalemme*
"cachinhos de mi bida,
lá vamos nós contar pra @elisaleme que a partolândia existe também na cesárea. e rezar pra Nossa Senhora do Bom Parto. e todo mundo fica sabendo como uma bolsa dá à luz um porta-níquel.
a bolsa barriguda foi fazer o último ultrassom, né? e daí que veio no resultado que o líquido da minha (enorme) bolsa estava no nível mínimo. como eu não tive intercorrências (palavrinha linda, sô), não esquentei. se tá dentro, tá dentro. tamanho do porta-níquel: mais de 3kg. why am I not surprised. (a bolsa mede 1,70. o cinto armani, pai do porta-níquel, 1,90. qué dizê.) e ah, criança resolveu que esse negócio de ficar de cabeça pra baixo é coisa de yogi, e não virou. sentada estava, sentada ficou. era cesárea sem chance de recurso.
levei pro Dotô, que olhou, virou, olhou de novo e disse: ó, é dia 01/06. desce e marca com a minha secretária. entrega essa papelada. e a partir de semana que vem, você bate ponto semanal aqui pra acompanhar. ouquei, Dotô.
desci, entreguei a papelada, a moça ligou e fez igual na manicure: oi, queria marcar um parto... dia tal... tal hora... pro Dotô. e eu ali, em cólicas. desligou e disse: pronto, marquei seu parto, boa sorte!
voltei meio desgovernada pra casa, liguei pro meu pai no caminho e avisei. Dotô marcou meu parto pra de noite, pra não ter aquela entourage (oi, @cynthiabourleg) gigante azucrinando. valeu, Dotô. amei. também avisei os padrinhos do porta-níquel, porque o padrinho é cirurgião plástico e tava combinado de ele fechar minha barriga (cara, nunca fui tão exclusiva na minha vida).
a partolândia eu acho que começa na véspera. a véspera era domingo, e eu acordei, olhei pro marido e disse: eu quero passear, não posso ficar em casa hoje. atente para o detalhe: eu mal conseguia ANDAR de tão grande. e mesmo sendo um frio do cão, eu passava o dia de alcinha. ok. fui tartarugar na Etna, e na TokStok. tartarugar mesmo, 1m por minuto. olhei, arrastei, olhei, comprei uma almofada de porquinho, arrastei, aquela coisa.
dormi o tanto que sempre dormia: pouco porque tem que acordar pra ir ao banheiro. e bem pouca gente sabia que dia seria o dia seguinte. a santa Maloca, avó honorária do porta-níquel, ligou pra fazer perguntas de mãe, que é coisa que eu não tenho. amei cada milisegundo, e ela quis saber se eu depilei. eu VIVO depilada. nóias.
acordei, tomei café, tudo normal até 12h, que foi a hora em que começou o jejum. 16h entramos no carro pra ir pro hospital, e às 17h eu já não podia tomar nem água. só nós 3: eu, marido e barriga. mais ninguém.
a primeira enfermeira passou: oi, tudo bem, toma banho de novo se quiser, coloca camisola, deixa ver se depilou, depilou mas vou te passar gilette de novo (ai). fiz tudo, ela voltou e me passou gilette, só pra me machucar, mas oraite. eu já não estava mais lá. os padrinhos chegaram, dotô-padrinho foi se paramentar, mas eu também não estava mais lá, mesmo tendo saído na última foto. esmalte transparente, maquiagem nenhuma. não autorizei filmagem, porque parto e glamour são mutuamente exclusivos. o padrinho ia fotografar alguma coisa e só.
hora de descer, vem outra enfermeira: oi, tudo bem? como você está? o que está sentindo? eu: tou com fome. ela contou que é comum a pobre da parturiente estar no quarto, em jejum, e a entourage do inferno pedir pizza e habibs, que ela por óbvio não pode comer, mas tem que sentir o cheiro empesteando o hospital. lembro de entrar no elevador, mas eu não estava mais lá.
cheguei nalgum lugar labiríntico, tartaruguei até a mesa onde fazem o log da cirurgia. dei nome, endereço, telefone, mesmo não estando mais lá, e fui pruma salinha onde passava alguma novela da globo que eu não registrei, e onde estava outra parturiente também esperando. conversei, não sei o quê, vocês já sabem... a moça foi, e eu fiquei, andando em círculos mui-to-de-va-gar. era pra ter sido às 20h, mas eram quase 21h quando me chamaram.
na sala, o dotô-padrinho contava efusivamente que a moça magrinha e branquinha que ia me anestesiar (oi, dotôra com nome de alemoa!) tinha sido residente dele, e por coincidência bla bla bla. beijei a dotôra, deitei na maca, começaram a montar o campo. INFORMAÇÃO IMPORTANTE SOBRE O CAMPO: o campo cirúrgico, a fronteira da sanidade. seu marido só pode ficar do campo pra cá. do campo pra lá é para os médicos e os muito fortes. muito marido não sobrevive ao lado de lá do campo. o meu foi proibido de ir lá: ficaria atrás da minha cabeça, onde só veria a mim.
voltemos. a boba aqui já tinha tomado uma raqui antes, mas sob o efeito de dormonid. então, né? achei que era tranks, e que eu sou macha... o troço incomoda. horrores. e demora. mas vamo que vamo, porque naquele momento, eu era uma com a minha barriga. no finalzim, o celular da assistente do dotô tocou: viva la vida, do coldplay. música que eu cantava em looping. a partolândia já tinha se instalado, e não passava nada na minha cabeça, mas eu chorei. muito.
testaram a anestesia e começaram a abrir a janela. na barriga, claro. marido entrou correndo, sentou do meu lado, e eu vi uma aguinha passar pelo tubo que passava por cima do campo. e eu chorava o viva la vida ainda, e a dotôra branquinha disse: ó, seu nenem já nasceu!
voltei em tempo de ouvir minha filha chorar. um grito só, que nessa família não tem mulher mole. o marido disse que ela era linda, e trouxeram pra eu ver, aquele nenem de 3,525kg, branquinha, de olhão aberto, loura, cabeluda (!!!) e sujinha. ela me olhou e eu disse: oi, meu amor... nooossa, que unha comprida, dá pra passar um vermelho! sala cirúrgica veio abaixo. eu não presto. e ela caladinha, me olhando.
levaram a pequena, marido saiu e começaram a me fechar. dotô-padrinho me fechou com dermabond, o que significa que não tinha ponto pra tirar. recomendo cada milisegundo. a última enfermeira perguntou se eu tinha perdido líquido na gravidez, eu disse que não. ela levantou o vidrão e me mostrou que aquela aguinha que passou pelo tubo era TODO o líquido que eu tinha. 1 dedo. fui pra recuperação.
outras mães estavam lá, algumas conversaram comigo, mas eu ainda não estava lá. eu só queria mexer logo as pernas pra subir pro quarto, o que eu consegui, mas aí veio a coceira. eles dão morfina pra gente. rá.
fui pro quarto, finalmente, todo mundo me esperando. parabéns, choro, beijo, abraço, tou com fome! marido sacou uns biscoitos doces, e eu não tive dúvidas. quando a enfermeira entrou no quarto pra ver se eu tava viva, eu estava sentada na cama, comendo biscoito recheado. ela disse: bom, se você tá comendo eu não preciso perguntar se está bem... vou mandar servir seu jantar! veio, e eu comi. tudo.
depois de umas horas, me trouxeram o porta-níquel cor-de-rosa, deixaram comigo, e a enfermeira saiu pra buscar não sei o quê. nessa hora só tinha eu e o marido no quarto. ele pergunta: e agora? eu disse: vamos ver se mama? ela pegou o peito furiosa e mamou. nós três naquele quarto, 3 da madrugada.
muito provavelmente do mesmo jeito que o Cristo, há milênios atrás, uma familhinha de 3 pessoas sozinhas, em silêncio no meio da noite.
minha vida deu play aí. e a primeira pessoa a ver o porta-níquel no dia seguinte foi @falazevedo. o que pra mim, só pode ser sinal de sorte.
te amo"
Nat, SUA LINDA, eu que tinhamú! Brigada por dividir comigo esse momento tão delícia da sua vida. *.*
*relato do meu último parto tá aqui.
7 comentários:
Chorei e lembrei dos meus partos!! Que delícia de momento! Que delícia de lembranças!!!
e num foi, moças bonitas? nenem, né? hoje tá aí, roubando meus cremes, 1 ano e meio de idade, aquela coisa. diz meu pai que qualquer dia chega em casa avisando que volta só depois das 22h...
Lembrei do parto da Laura, mas a cesárea dela foi emergência, fui para o hospital de mãos abanando e saí de lá com um bebê! Mas é sempre lindo!!!!
Ah, que lindas vocês, me fazendo chorar em pleno expediente de mãe! :***
Que lindo!!! Parto sempre emociona né? Lembrei do meu parto e deu até saudade... Acho que quero outro. Rss
Bjs
Ai Jesus, me lembrei do meu parto cesáreo ... mas de emergência. Aff ... chega tô suando.
Bjo
e esse final matador??? LINDOOOO!!! Eu nunca tinha pensado nisso, de Jesus e tal.. enfim!
adorei o relato!! adorei a nova percepção da partolândia!
a minha foi beeeem tensa, quase vi a morte hahaha!
beijossss
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